A sala do consultório médico está completamente lotada. As pessoas, muitas já há horas aguardando sua vez, estão exaustas pelo calor do ambiente e pelo cansaço da espera.
Para passar o tempo alguns lêem um jornal, outros fazem palavras cruzadas e, outros conversam entre si. E aí, salve-se quem puder pois os assuntos são os mais diversos possíveis, desde a temperatura do dia, cujo calor é quase insuportável na sala pequena e abafada, até os mais diversos "causos" sobre, é claro, doenças.
Alguns, já mais idosos e alquebrados, queixam-se de dores, principalmente na coluna, que os impede de ficarem sentados por muito tempo. Assim, é um senta e levanta, caminha e volta a sentar, num sem-fim de idas e vindas.Além de tudo, apenas um ventilador faz a renovação (?) do ar no ambiente.
O médico ainda não chegou e a espera torna-se torturante. Uns também discutem sobre futebol, outros sobre política e outros, ainda, contam de seus males e, assim, ouve-se de tudo. Um gravador e teríamos as mais diversas e estranhas estórias de vida de pessoas comuns, com seus problemas, suas dores, suas dúvidas e dissabores.
A cena chega a ser dramática, não fossem as crianças que alguns levam consigo, por não terem com quem deixá-las. Estas, por vezes, dormem nos braços dos familiares como se fossem anjos, sem tomarem conhecimento do que se passa ao seu redor.
Finalmente, chega o médico e cada paciente aguarda, atento, sua vez de ser chamado para o atendimento. A expectativa da consulta gera uma insegurança e temor e a maioria das pessoas tornam-se circunspectas, parecendo envoltas em seus íntimos pensamentos.
O que poderá estar pensando aquele que, enfermo, pode estar à espera da morte? Ou aquela, cuja mãe, já velhinha e doente , carregada em uma cadeira de rodas, que não tem mais esperanças de vê-la voltar a andar?
Após horas de espera, chega a nossa vez. Vim acompanhando meu marido a mais uma consulta com seu neurologista. Felizmente, esta foi rápida por se tratar apenas de uma avaliação médica, cujo diagnóstico foi positivo.
Em nosso país é desta forma que são atendidos nossos irmãos brasileiros. Diferentemente daqueles que podem usufruir de um convênio, o que não é acessível a todos por seu alto custo, os milhares e milhares de trabalhadores e seus dependentes estão à mercê do atendimento precário do sistema de saúde que nossos governantes dizem ser de primeiro mundo, principalmente em época de eleições.
É preciso parar um pouco para pensar em quem merece nosso voto. Geralmente, esquecemos que uma democracia se faz com liberdade de escolha e com o pensamento voltado para o que realmente o povo necessita, isto é, que não sejamos uma "maria-vai-com-as-outras" e sim, que exercitemos o nosso direito sagrado e constitucional de eleger o que for o mais inteligente, mais correto e o mais consciente sobre os problemas que são de extrema urgência e solução.
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