Era primavera. Campos floridos ladeavam a estrada, dando à paisagem um cenário encantado. Tudo parecia convidar para um belo passeio - o ar puro, a brisa suave, o perfume agradável das flores, o canto dos pássaros, enfim, era a estação mais bela do ano no entender de Mayra.
Ela havia acordado cedo, naquele dia. Fora à escola, ajudara sua mãe a por a mesa para o almoço, fizera os temas de casa e agora, estava pensando em dar uma volta na bicicleta nova que ganhara de seu pai. Avisou à mãe de sua saída e pedalou em direção ao caminho que levava ao bairro mais próximo, considerado o centro da cidade em que morava.
Lá ela encontraria suas colegas de aula que a haviam convidado para tomar um sorvete e depois, voltaria para casa. Mayra, com seus 15 anos, era uma menina muito bonita. Seus cabelos louros, olhos azuis e pele clara parecendo porcelana, chamava a atenção das pessoas que passavam por ela.
Era, também, muito caridosa. Seu modo de ser, alegre e expansivo, cativava a quem a conhecia. Adorava seus pais e seu irmão Afonso, do qual era muito mais amiga do que irmã. Afonso era mais velho três anos e trabalhava como mecânico numa oficina de automóveis perto de casa.
Sempre que podia, Mayra ia ao hospital da cidade visitar os idosos doentes e carentes que lá se encontravam. Ali, junto deles, cuidava-os com muito carinho lendo e contando histórias, demonstrando seu amor aos desvalidos pela sorte. Assim também fazia na "Casa dos Amigos". Esta era uma casa espírita que, além de abrigar alguns idosos pobres, fazia a caridade, propiciando às pessoas a educação mediúnica que esclarecia sobre a espiritualidade e o Mundo Maior.
Mayra adorava esses encontros na "Casa dos Amigos" e já fazia alguns cursos sobre assuntos espíritas, além de ler diversas obras mediúnicas. Naquele dia, ao passar pelo local, a menina ainda desceu de sua bicicleta e foi ver seus amigos, os velhinhos que ela, uma vez por semana, ia cuidar.
Dirigindo-se ao centro da cidade, distraída pelo farfalhar das folhas das árvores floridas, Mayra não viu o carro que vinha em sua direção, em alta velocidade. Foi apenas um segundo e o veículo bateu-lhe em cheio. A menina caiu ao chão enquanto o motorista corria para prestar socorro, pois além de conhecer Mayra não podia acreditar que a havia atropelado.
.....
Mayra acordou e sentiu-se leve e confortável na cama branca do hospital. Apenas uma tontura a impediu de levantar-se. Olhando à sua volta, percebeu que estava sozinha no quarto e, vendo à cabeceira uma campainha, tocou-a. No mesmo instante, apareceu uma enfermeira trazendo-lhe um copo d'água cristalina e gostosa. A menina, sedenta, bebeu o líquido e quis saber onde se encontrava.
Mirna, assim se apresentou a enfermeira, acalmou Mayra, pedindo que ela tornasse a recostar-se nos travesseiros macios, enquanto ela buscaria um médico para vê-la. Voltou, logo depois, com um casal de velhos os quais eram muito familiares à garota, embora já estivessem mortos há muitos anos. Eram seus avós e Mayra , lembrando-se do acidente, entendeu de pronto que havia desencarnado.
Seus avós a abraçaram, felizes pelo reencontro ,dizendo-lhe das saudades que tinham da neta. Mayra chorava de felicidade por haver reconhecido neles, o que o espiritismo já lhe havia ensinado sobre a continuação da vida após a morte.Vinha-lhe ao coração, apenas um sentimento de tristeza pelos pais e irmão que havia deixado na Terra. Mas, ao mesmo tempo, sabia que eles entenderiam o porque do acidente e, com certeza, saberiam o quanto ela estava bem, num mundo onde só existe o amor e a felicidade.
Ela conhecia o que lhe esperava nesse lugar - trabalho, fé, amor e caridade. Era a continuação do que ela já praticava aqui neste mundo.
A bênção divina que lhe dera a vida, agora buscara-a para a verdadeira Vida.
Linda a mensagem. Acalma e conforta aqueles que sofrem com a perda dos entes queridos, comprovando a imortalidade da alma.
ResponderExcluirFique na luz!
Márcia (Macili)