A QUESTÃO DA ANENCEFALIA - ABORTO X ESPIRITUALIDADE

"Há crime sempre que se transgride a lei de Deus. Uma mãe, ou quem quer   que seja, cometerá crime sempre que tirar a vida de uma criança antes do seu nascimento, por impedir que uma alma passe pelas provas  que serviria de instrumento ao corpo que estava se formando."

                      Questão 358 - Livro dos Espíritos

A anencefalia ou a ausência do cérebro é, hoje, uma polêmica questão que muito nos faz pensar. Os fetos anencéfalos possuem alguma estrutura do encéfalo, como o tronco encefálico, o diencéfalo e, em alguns casos, a presença do hemisfério cerebral e córtex. Assim, posssui um tipo de cérebro chamado pela medicina de "primitivo",pois atividades vitais do organismo são controladas, tais como: batimentos cardíacos e capacidade de respirar por si próprio, ao nascer.


Nessas condições, um feto anencéfalo  pode sobreviver vários meses sem o auxílio do suporte ventilatório. Há casos, segundo a medicina, de crianças que, após o nascimento, tiveram uma sobrevida de muito mais tempo. Manuela Teixeira viveu por mais de três anos, embora tivesse autorizado o seu aborto pela justiça, por causa da má formação dos ossos do crânio. Hoje, no mundo todo, existem aproximadamente 21 casos de crianças que conseguiram vencer os sintomas da doença, mantendo-se com vida por alguns anos, sem a perda da dignidade nem o direito de nascer.


Em O Livro dos Espíritos, Kardec indaga aos Espíritos: - Em que momento a alma se une ao corpo? E a resposta, em toda sua clareza, é: "... desde o instante da concepção, o espírito designado a habitar determinado corpo, a este se liga por um laço fluídico."


A decisão do STJ em liberar a realização de abortos em casos de anencefalia não é correta. O anencéfalo é um ser vivo intra-útero. Ele nasce com vida e vai a óbito com minutos, dias, meses ou após anos. Se nasce vivo, o aborto é criminoso, uma vez que lhe ceifa a oportunidade da experiência da reencarnação.


Assim é que, sob a ótica espírita, a malformação do feto está ligada a débitos anteriores da entidade reencarnante e os pais, muitas vezes, colaboraram com a queda dessa alma, tendo agora, o compromisso de assumir os seus reajustes perante a lei divina. Alguns espíritos necessitados, com graves comprometimentos cármicos principalmente o suicídio, buscam para o seu equilíbrio, esse tipo de processo chamado anencefalia, pois desta forma obtém da Providência Divina, a chance de optar pelo bem de si mesmos, resgatando o que geraram em outra vida e buscando, assim, sua regeneração espiritual.


É reconhecido que a mulher que gera uma criança com esse tipo de problema precisa inclinar seu coração à compaixão e à misericórdia, encontrando o real significado da vida. Até porque essas crianças podem ser amamentadas, reagem aos carinhos e, óbvio, criam vínculos com seus pais. Embora as suas deficiências, são seres humanos providos de alma e necessitados de extremo afeto.


Divaldo Franco nos diz que o aborto, mesmo terapêutico, é imoral. Segundo o que afirmamos acima, o ser anencéfalo tem vida breve ou nenhuma. Assim sendo, por que interromper o processo reparador que a vida impõe ao espírito que reencarna com essa deficiência? Será justo impedi-lo de evoluir? O médium baiano ainda nos diz que, segundo benfeitores espirituais, a Terra vem recebendo verdadeiras legiões de espíritos sofredores e primários, que se encontravam retidos em regiões especiais e que, agora, têm a oportunidade  de se conscientizarem de sua vida pregressa e buscarem a redenção.


Segundo Chico Xavier, ninguém foge à lei da reencarnção. Ontem, esquecemos compromissos veneráveis, arrastando alguém ao suicídio. Hoje, reencontramos esse mesmo alguém na pessoa de um filhinho, portador de moléstia irreversível, tutelando-lhe, à custa de lágrimas, o trabalho de reajuste.


À frente de toda dificuldade e de toda prova, abençoa sempre e faze o melhor que possas. Ajuda aos que te partilham a experiência, ora pelos que te perseguem, sorri para os que te ferem e desculpa todos aqueles que te injuriam...


A humildade é a chave da libertação. E, sejam quais sejam os obstáculos a serem enfrentados, é preciso reconhecer que toda construção moral do reino de Deus perante o mundo, começa nos alicerces invisíveis de nosso coração.


Que Deus nos abençõe a todos e que saibamos colher, dia após dia, as maravilhas com que Êle nos presenteia. Que tenhamos olhos de ver e ouvidos de ouvir. Que assim seja!