HOMEM - VIAJOR NO TEMPO

"Se esbravejássemos e chorássemos menos; se nos fizéssemos menos de desentendidos; se nos ofendêssemos menos e se, finalmente, fingíssemos menos que não percebemos os sinais do passado em nós, com certeza não precisaríamos apanhar tanto da vida, ou melhor, das vidas, pois o que temos visto é que carregamos para frente não apenas as marcas do passado mas, também, as marcas de nossa teimosia..."


                                            Dra. Maria Teodora Ribeiro Guimarães




Observa-se que, ao longo da vida, o ser humano tem uma enorme dificuldade em se resignar frente a coisas que não têm solução. Na maioria das vezes, o homem demonstra ser uma criatura prepotente e teimosa, fato que o leva a bater a cabeça na parede repetidas vezes em sua trajetória incessante.


Por mais que doam estas pancadas, nosso temperamento não muda e não há maneira de deixar o poder escapar de nossas mãos com docilidade. É justo e natural que as pessoas tendam a querer usufruir das facilidades materiais da vida presente. Porém, será sensato e inteligente um ávido sofrimento para obter essas posses materiais, muitas vezes supérfluas? Acreditamos que somos sempre os mais injustiçados, pois os demais têm mais dinheiro, mais amor, mais atenção e mais tudo que nós.


Se ligarmos nosso presente a nossas vidas passadas, poderíamos imaginar que há um aprendizado a ser vivido, a cada vez que retornamos à jornada terrena. Por quantas vezes, estaríamos a um passo de sermos mais felizes, descobrindo que a simplicidade e a humildade são fatores indispensáveis para que nossa evolução e progresso espiritual se realize com maior intensidade.


Se nos fosse dado retroceder no tempo, poderíamos nos libertar de determinados problemas em nossa vida, uma vez que pelo entendimento da origem das causas de nossos sofrimentos, teríamos grandes mudanças em nosso presente, tais como o abandono dos medos irracionais, de vícios, conseguindo ser mais seguros e resolvidos, com relação ao alcance de nossos reais objetivos.


Por tudo isso, deduz-se que o homem, dentro do processo de transformação, passa sempre pelas duas faces da moeda. Ostentando um olhar honesto sobre si, verá que não há ninguém inteiramente bom e que nada tenha a aprender, assim como não há ninguém que não possa ser mais feliz.


Em todas as vezes em que nos propomos à mudança de nosso processo de sofrimento, seja ele de qual ordem for, é mister ter-se persistência e vigilância frente à dor, coragem em admitir aspectos do presente e do passado, a auto-determinação de reverter o quadro e acreditar na própria capacidade de mudar. Estaríamos, assim, nos reprogramando, isto é, conscientizando-nos do quão necessário se faz uma reforma íntima para atingir um sol de esperança, depois de tantas noites escuras e tristes.


No fundo, a luta do homem viajor tem por objetivo parar de sofrer. Se soubéssemos que o diamante que temos dentro de nós necessita do trabalho de lapidação e que este é delicado e demorado, demandando muitas vidas, viveríamos com mais cuidado procurando, cada vez mais, um maior preparo espiritual para o enfrentamento dos caminhos espinhosos da vida.


E, quando o diamante tiver brilhado em cada coração, seja pela dor ou pela boa vontade, o homem já não se importará tanto em ser amado e sim, em amar. Não haverá mais medo, culpa, raiva ou tristeza que alimente sua dor, pois sua nova visão do mundo e sua alegria, o farão pensar no todo, antes de pensar em si mesmo.


Paz e luz a todos!