quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

A LEALDADE DE UM CÃO

Era inverno e fazia muito frio nevando naquela tarde em Shibuya, Tóquio.
O trem acabara de chegar, trazendo seus passageiros apressados para buscarem o abrigo e o calor do lar. Após descerem do trem, dispersaram-se e um deles foi atraído por um cãozinho que ao vê-lo, começou a pular em sua volta, como se estivesse saudando-o pela chegada. Esse homem era um professor que, diariamente, fazia aquela rotina. Pela manhã, tomava o trem para o trabalho e à tarde, retornava à sua casa. 

Ao ver que o cão não o abandonava, após várias tentativas de fazê-lo parar de segui-lo, resolveu que o levaria consigo. A partir daquela decisão, suas vidas estariam entrelaçadas para sempre. O cão, da raça Akita, era lindo e muito dócil. Ao chegar em casa, sua esposa
não recebeu com bons olhos o animal. O professor, encantado com o carinho com que o cão o olhava, deu-lhe o nome de Hachi.


Dia após dia, Hachi o acompanhava de casa até a estação do trem, voltava para casa e, parecendo ter um relógio interno, sempre às 17 horas quando o trem retornava trazendo seu dono, lá estava Hachi a esperá-lo, fazendo festa ao vê-lo e voltando para casa com o professor. 


A esta altura, a família do  professor já adorava Hachi. E, assim, o tempo passou. Hachi cresceu e ficou adulto, fazendo sempre a mesma rotina com seu dono. Todos, no bairro em que moravam, conheciam-no e sabiam que se Hachi estivesse por perto, já estaria no horário do trem chegar.



Mas a vida tem seus mistérios e suas dores. Um dia, enquanto dava aula para seus alunos, o professor teve um mal súbito e faleceu. Hachi, como sempre, às 17 horas, estava esperando seu amado dono. E ali, ficou, debaixo da neve e no frio, esperando. Anoiteceu,
a neve e o frio aumentaram e Hachi não desgrudava do local. Entristecido, adormeceu.


No dia seguinte, Hachi retornou à casa e observou que todos estavam tristes e chorosos,
vestidos de preto. Ficou por ali mas no horário de sempre, lá estava ele a esperar na estação numa comovente demonstração de amor, amizade e lealdade pelo dono.


A família do professor ainda tentou ajudar Hachi. Tentaram dar-lhe carinho e afeição, mas
o cão seguia sempre entristecido e sem abandonar a rotina da espera. Até que um dia, não
mais retornou à casa e fez, do lugar de encontro com o professor, sua morada. Os passantes
davam-lhe de comer e ele aceitava, mas ninguém fazia com que ele se afastasse do local.

Hachi envelhecera. A saudade pelo professor nunca o abandonara. Já haviam passado 9 anos
de sua morte  e Hachi nunca mais o vira. E, assim, numa gélida noite, em que a neve caía, fina e fria, o velho e doente cão fitou o céu. Uma intensa luz brilhou, ofuscando seus pequenos olhos e ele viu seu dono vindo para buscá-lo, envolto naquela luz fantástica.


O mestre, em espírito, tomou Hachi em seus braços e este lambeu-lhe o rosto, feliz e comovido. A luz dissipou-se e ali, restara apenas o corpo inerte do animal. Hachi havia partido para sempre.


A descomunal e incrível fidelidade de Hachi recebeu o reconhecimento de todo o Japão.
Ali, no local da eterna espera e vigília, foi colocada um estátua do cão, como símbolo da inteligência e incondicional amor de Hachi para com seu dono.

Hoje, nas escolas japonesas a história de Hachi é ensinada para estimular em seus alunos a
lealdade e o respeito às pessoas, principalmente as mais velhas, pois, Hachi deixou uma grande lição de vida "animal". Uma história de amor e devoção inabalável que o melhor
amigo do homem pode deixar para a humanidade.



Essa história levou à produção de um filme. "Sempre ao seu lado", narra de um modo comovente o relacionamento de um cão, que elegeu seu dono como um eterno amigo.  













 


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