segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

A AMIZADE




“Numa aldeia vietnamita, um orfanato
dirigido por um grupo de missionários foi atingido por um bombardeio.
Os missionários e duas crianças tiveram morte imediata e, as restantes, ficaram
gravemente feridas. Entre elas, uma menina de oito anos, considerada em pior estado.

Era necessário chamar ajuda por um rádio
e, ao fim de algum tempo, um médico
e uma enfermeira da Marinha dos EUA
chegaram ao local.

Teriam que agir rapidamente, senão a menina morreria, devido aos traumatismos
e à perda de sangue.
Era urgente fazer uma transfusão, mas como...

Reuniram as crianças e, entre gesticulações arranhadas no idioma, tentavam explicar
o que estava acontecendo e que precisariam
de um voluntário para
doar o sangue.

Depois de um silêncio sepulcral, viu-se um braço magrinho levantar-se timidamente.

Era um menino chamado Heng. Ele foi preparado às pressas, ao lado da menina agonizante, e espetaram-lhe uma agulha na veia.
Ele se mantinha quietinho e com o olhar
fixo no teto.

Passado algum momento, ele deixou escapar um soluço e tapou o rosto com a mão que estava livre.

O médico lhe perguntou se estava doendo,
e ele negou. Mas não demorou muito a soluçar de novo, contendo as lágrimas. O médico ficou preocupado e voltou a lhe perguntar,
e novamente ele negou.

Os soluços ocasionais deram lugar a um choro silencioso, mas ininterrupto.
Era evidente que alguma coisa estava errada.

Foi então que apareceu uma enfermeira vietnamita, vinda de outra aldeia. O médico pediu que ela procurasse saber o que 
estava acontecendo com Heng.

Com a voz meiga e doce, a enfermeira foi conversando com ele e explicando
algumas coisas. E o rostinho do menino foi se aliviando. Minutos depois
ele estava novamente tranquilo.

A enfermeira, então, explicou aos americanos:
- Ele pensou que ia morrer, não tinha entendido o que vocês disseram e estava achando
que ia dar todo o seu sangue para
a menina não morrer.

O médico aproximou-se dele e, com a ajuda da enfermeira, perguntou:
- Mas, se era assim, por que então que você se ofereceu a doar seu sangue?

E o menino respondeu, simplesmente:
- Ela é minha amiga...”


Autor desconhecido


Uma das formas mais puras de amor é a amizade. Sincera e espontânea, envolve os corações das criaturas num abraço de ternura.
Verdadeiros amigos são aqueles que, em não medindo esforços nem conseqüências, doam-se através de um incondicional amor.

Amigos são para sempre. Por vezes, não os conhecemos pessoalmente. Mas, do fundo de nossa alma, sentimo-los presentes como se estivessem juntos a nós.

A amizade transcende qualquer barreira que possa existir, inclusive a do tempo e do espaço.
No plano espiritual, ao planejarmos nosso retorno às lides do corpo físico, escolhemos a futura família e o meio social em que reencarnaremos, para assim dar continuidade ao processo evolutivo que cada espírito necessita para o progresso da alma.

E é também, no meio social em que viveremos, que estabelecem-se nossas amizades sejam na infância, na escola, no trabalho, etc.

Estes amigos que transitam em nossa vida, muitas vezes são amigos de outros tempos. Voltamos a encontrá-los e sentimos que já os conhecemos de algum lugar. Isso acontece, também, com nossos desafetos, lugares, pessoas que nunca vimos antes, etc.

Quanto aos desafetos, sabemos que a vida não perdoa àqueles que não souberam entender a grandeza da humildade e do perdão. De uma maneira ou de outra, as pendências do passado retornam para que, no hoje, se tivermos a compreensão e a atitude de recebê-las como missão, onde nos serão exigidos o dom da paciência, da benevolência e do perdão, possamos reconciliar-nos com os débitos pretéritos.

No caso do menino Heng, ele aceitou doar seu sangue à menina que agonizava, por tratar-se de sua amiga. Esta foi uma verdadeira demonstração  de carinho e amor.
Poucos são aqueles que entendem o real sentido de atitudes como essa de Heng.

Podemos escolher como exemplos de desprendimento e amor ao próximo, a Doação de Órgãos.
Seria de grande importância a conscientização da população quanto à este meio que a Medicina dispõe para salvar vidas. Muito se investe na mídia para que as pessoas se voltem para essa maravilhosa fonte de caridade.

Há famílias que sentem-se emocionalmente realizadas ao efetuarem a doação de órgãos de filhos ou parentes que desencarnaram, seja por acidente ou morte natural. Passam a entender o significado da doação, ao verem, naqueles que receberam os órgãos, a expectativa e a felicidade de darem continuidade à vida que estavam prestes a perder.

Queridos amigos, que sejamos como Heng, que não titubeou em oferecer o único bem que possuía, à sua amiga que corria risco de morrer.
Que sejamos caridosos e amorosos com nosso semelhante, pois quase sempre, custa apenas uma tomada de atitude e um coração pleno de amor para fazermos alguém feliz.

Que assim seja!     

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

ELES VIVEM!



“Eles voltaram para casa surfando nas cores do 
arco-íris, para além da linha 
do horizonte...
Com seus corpos espirituais translúcidos, 
eles ascenderam por entre os diversos planos 
e entraram na Luz...
Sim, eles voaram de volta para o lar espiritual, 
lá na casa das estrelas.
Mas, não se esqueceram de seus entes queridos 
que ficaram na Terra.
Pois, lá em cima, além do zimbório celeste, 
eles oram pelo bem de todos.
E, muitas vezes, eles descem e visitam 
secretamente os seus afetos... E quem os vê são as crianças pequenas e os animais.
Talvez, por causa de sua inocência 
e simplicidade.

Às vezes, é o cachorrinho que pula e 
brinca quando os vê.
Em outras vezes, é o bebê que estende a mãozinha 
para o alto, brincando com alguém invisível.
E, na verdade, é a presença espiritual deles, 
bem vivos, além da percepção dos sentidos comuns.
Eles, que vivem!
Eles, que, às vezes, vêm na Luz da Inspiração, 
e dizem, sutilmente:
"Escreva, de todo coração, que o Amor 
é maior do que tudo!
E que, além do mundo físico, também existem 
outros mundos, densos e sutis, e que todos eles 
são no Coração de Deus.

Escreva que as crianças e os bichinhos
não têm maldade alguma e, por isso, percebem 
a verdade que escapa aos homens feitos 
(e imperfeitos).
Escreva, sim, que as consciências
espirituais jamais são enterradas ou cremadas, 
e que elas surfam nas luzes, por entre
os planos, sempre vivas...

Ah, Eles Vivem!
E, agora, além das crianças e dos bichinhos, 
quem sabe, outros corações também possam sentir algo além, em Espírito e Verdade?...
Algo que se sente, e não se explica.
Sim, que só se sente...
Eles Vivem, Sim!”


Wagner Borges



Sempre foi e será assim. Eles estarão sempre entre nós, inspirando e sugerindo o exercício do amor, da paz, da caridade, da benevolência, da humildade, do perdão.
Muitas vezes, quando estamos com graves problemas, repentinamente aparece uma solução. São eles, nossos amigos espirituais, nossos amores que já transpuseram a linha de chegada à eternidade, que nos mostram o melhor caminho a ser seguido para resolver determinada questão.

Eles estão conosco nos sonhos, quando nos desprendemos do corpo físico e alçamos vôo rumo ao infinito, guiados pelas suas mãos. E lá, onde tudo é paz e beleza, ao som de cantos angelicais, aprendemos cada vez mais como viver aqui nesta Planeta a nós destinado, para que possamos burilar nosso espírito e, assim, usufruir da evolução tão necessária à conquista do amor incondicional.

Onde quer que estejamos, eles estão conosco. Não conseguimos vê-los devido à nossa tosca visão e à nossa
corrente vibratória, muito mais densa e menos sutil à 
deles. Porém, podemos, com alguma sensibilidade e sentido apurado, percebê-los ao nosso redor.

O ser humano, vinculado a toda sorte de pensamentos e ações de baixa vibração, com cargas negativas originadas por seus pensamentos e atitudes imprudentes e guiados pelo mal, não consegue captar os sinais dessas entidades espirituais que se nos aproximam com intenções de ajudar-nos, na medida em que queiramos ser ajudados.

Por outro lado, aqueles cujas atitudes têm nobres fundamentos e respaldadas pelo bem, têm a oportunidade
de sentirem-se envolvidos por halos de amor e de plenitude, vindos dessas criaturas invisíveis aos olhos
e ouvidos da grande maioria das pessoas.

É dessa forma que se afirma que as criancinhas e os animais conseguem vê-los, através de sua pureza e de seu espírito desprovido de maus sentimentos. Eles são os "amiguinhos invisíveis" que nossos filhos já tiveram, na infância.

Que todos nós tenhamos a oportunidade de senti-los  ao nosso lado, como se fossem nossos "anjos da guarda", velando nosso dia a dia.
Que enlevados pela proximidade desses seres de luz, saibamos aproveitar a ocasião, para agradecer a Deus, por mais esta oportunidade de vivenciar a imensa força e providência divina.

Que assim seja!  



sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

A ESCOLA DO CORAÇÃO



“O lar, na essência, é academia da alma.
Dentro dele, todos os sentimentos funcionam por matérias educativas.

A responsabilidade governa.
A afeição inspira.
O dever obriga. O trabalho soluciona.
A necessidade propõe. A cooperação resolve.
O desafio provoca.
A bondade auxilia.
A ingratidão espanca. O perdão balsamiza.
A doença corrige. O cuidado preserva.
O egoísmo aprisiona.
A renúncia liberta.
A ilusão ensombra. A dor ilumina.
A exigência destrói. A humildade refunde.
A luta renova.
A experiência edifica.

Todas as disciplinas referentes ao aprimoramento do cérebro são facilmente encontradas
nas universidades da Terra, mas a família é a escola do coração, erguendo entes amados à condição de professores
do espírito.
E somente nela conseguimos compreender
que as diversas posições afetivas, que adotamos na esfera convencional, são apenas
caminhos para a verdadeira fraternidade
que nos irmana a todos, no amor puro, em sagrada união, diante de Deus.”


Emmanuel


Lar, sagrado esconderijo de almas afins, serve de espelho para aqueles que vêm, endurecidos ainda, muitas vezes, pelo pretérito em que deixaram a desejar quanto aos seus pensamentos e atos, e que ora buscam a renovação de seus alicerces espirituais, no afã de dar continuidade ao crescimento e progresso da alma.

Como doutrina da vida, o lar abriga toda a sorte de encantos e desencantos, de amores e desamores, de afetos e desafetos.
E é nesta escola que, via de regra, somos chamados a compor com mais dignidade, nossa expectativa de ascensão a planos mais elevados.

É, ainda, nesta escola compulsória e inadiável, que encontramos através dos vieses da vida, nossos inimigos e/ou amigos de um passado remoto, ou não tanto assim, a ocupar lugar em nossos corações, na formação da família terrena. Nossos  próprios pais nos foram destinados não por acaso. Hoje, embalam-nos nos braços; ontem, nos jogaram à margem do caminho, sem ao menos nos olharem no rosto e nem sequer ouvirem nosso choro.

No seio do contexto familiar desencadeia-se toda a sorte de problemas advindos de outras vidas, que, não raro, assumem grandes proporções, levando, em alguns casos, a tragédias que saem fora de controle pelos envolvidos.

Como já falamos anteriormente, esses espíritos ainda não burilados no amor, procuram o ajuste de contas sem descortinarem outras formas de acerto, tais como o perdão, o amor e o esquecimento dos males recebidos ou causados.

A justiça divina não falha. O homem, enquanto ser bruto e empedernido, inconseqüente e mau, voltará tantas vezes quantas forem necessárias para a completa quitação de seus débitos.

Para fugir a estes retornos reencarnatórios baseados na dor e no sofrimento, resta-nos aprender, cultivar e esforçarmo-nos no estudo e na prática do amor incondicional. Este, esclarece, acalma, doutrina, enobrece e faz, do ser humano, uma réplica de Deus: o supremo amor, a tranqüilidade da paz e o encanto da harmonia.

Que procuremos reter tudo isso em nossos pensamentos permanentemente. Só assim, sairemos desta vida com a certeza do dever cumprido. A humildade tão necessária à formação do caráter do homem, a compreensão para com os problemas de nossos irmãos, a fé imorredoura e a esperança que carreia, para cada um de nós, força e coragem, são valores que cabem em nossa  bagagem, rumo à espiritualização.

Que assim seja!

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

APRENDIZES DA VIDA



Aprender é traduzir para o espírito a essência de Deus.  Aprender a viver todas as fases. Lidar com todas as dificuldades. Navegar por todos os mares.
Aprender as lições da juventude para que o adulto, maduro, não caia nas armadilhas da existência.
Aprender na penúria, mas principalmente, na riqueza, onde os sentidos se aguçam, excitando o prazer, o egoísmo, a avareza.
Saber identificar na posse ou na ausência dela, o sopro da lição divina, coberto apenas com o necessário, para o mais importante: o aprendizado.

Que possamos, não apenas aprender a ter, mas a ser. Que saibamos alimentar a alma com as riquezas do amor, para que o espírito e a carne, na cumplicidade da reencarnação, não sofram com a dor, o aguilhão.
Aprender a retomar o caminho, eis a lição. Não importando os erros, as lástimas e a visão deturpada que tudo está definitivamente perdido, do avesso.
Do alto, clama a voz bradando em hinos de louvor, chamando ao recomeço. Dolorido recomeço, sob as lembranças não lembradas.

Mas somos aprendizes, Senhor! Ajuda-nos a sobreviver neste mundo onde a esperança se transfigura em artigo raro e caro. Onde sufocamo-nos ante a iniqüidade, a hediondez, à maldade.
Mundo este em que o homem, sob a égide de si e investido do poder por ninguém conferido, cambaleia entre os próprios erros, desvalido.
Que possamos aprender a lidar com a insensatez da sociedade ávida pelo prazer, pelo poder.
Que tenhamos, meu Deus, a força da fé sustentando-nos nos momentos onde também fomos fracos, inconseqüentes, insensatos.

Senhor, ensina-nos a conviver com nossos erros, moldando-nos a consciência para o amor a nós mesmos. Tira-nos a cerne do orgulho que não admite erros, mas que, diante de si, é mais que complacente e piedoso. O erro é a parte falha de nossa alma.
Porém, Senhor, ensina-nos a ser os escultores do bem em nós mesmos. Permita-nos descobrir que o erro é paisagem da vida, condutor do aprendizado. Que os equívocos são os nossos companheiros de jornada. Urge aceitá-los, nunca esconde-los ou destacá-los, quando apresentarem-se nas atitudes do próximo.

Por isso, Senhor, entrego-me de corpo inteiro, mente em harmonia, experimentando a alegria de estarmos galgando juntos esta escada, indescritível jornada para o interior de nós mesmos.
Senhor, como aprendizes da vida, rogamos-te que nos ensine a caridade pura, aquela que assiste a todos. Que saibamos doar o pão, mas junto com o pão, que sirvamos também as palavras inspiradas por Ti. Para que o homem, privado do necessário, seja saciado do eterno.

Por favor, Senhor, ensina-nos a viver!

  Pedro Valiati,
 Escritor
  Fonte: Correio Espírita – Janeiro de 2012





quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

EU, O MENINO E O CACHORRO



E eu só reclamava da vida…

reclamava da noite porque eu não dormia,
reclamava do dia porque eu sofria,
reclamava do frio que me gelava a alma,
reclamava do calor que me atirava ao desânimo.

Para tudo e para todos eu tinha uma resposta,

para a minha derrota eu sempre tinha um culpado,
para o meu desamor sempre tinha um “alguém”,
para tudo uma reclamação,
eu era o próprio azedume.

Ai de quem me criticasse,

que apontasse o erro que eu não enxergava,
para tudo tinha que haver um culpado,
eu era a vítima do sistema, das pessoas, do mundo,
eu sempre fui traído, enganado, sofrido…

Carregava aquela cruz pesada de ódio,

e eu só reclamava da vida,
seja de noite, seja de dia.


Até quem dia, um menino, desses meninos de rua,

me pediu uma ajuda, e eu já estava pronto 
para ofendê-lo,
quando ele pegou na minha mão e arrastou-me,
se é que um menino tão pequeno teria essa força.
No canto da rua, ele me mostrou um cachorro muito sujo,
que estava com a pata como que quebrada e cheio de feridas.
O menino puxou a minha mão e fez chegar perto do cachorro.
Ele olhava pra mim e depois para o cachorro,
e falou numa voz que eu não consigo esquecer:
- Moço, sara ele pra mim! É o meu melhor amigo.

Não sei porque e nem quero saber,

mas eu não aguentei e chorei…
Chorei como criança, como quem abre uma torneira,
como se uma porta que estava fechada
há muito tempo dentro de mim,
se abrisse escancaradamente…

O menino não entendeu o meu choro e perguntou:

- Ele vai morrer moço? É grave assim?...

Despertei do meu choro e agarrei aquele cachorro com muito cuidado.

Levei-o até a minha casa, poucos quarteirões dali,
e tratei daquele cachorro como se fosse um filho,
e o menino, que vivia pelas ruas,
foi ficando, e cuidou de mim,
curou minhas feridas,
antes mesmo de eu curar as feridas do cachorro.


Hoje, não reclamo mais de nada,

tudo para mim tem um sentido,
tudo é perfeito, até o que dá errado.
Faz 16 anos que o menino de rua pegou na minha mão,
mudou a minha vida, transformou esse ser.
Mostrou-me o caminho do amor,
amor que restaura, cura, seca feridas, renova,
traz esperança, e esperança é o nome do amor.

E esse menino, que hoje me chama de pai,

destranca portas e janelas da minha alma todos os dias,
quando segura na minha mão e me agradece por cada coisa tão pequena,
os banhos, as roupas, a comida, a escola, a adoção,
coisas que muita gente tem e não dá nenhum valor,
ele me recompensa com carinho e dedicação.


Hoje é a sua formatura, e eu nem sei o que dizer,

sou grato a Deus por ele entrar na minha vida,
por quebrantar meu coração,
e não largar mais a minha mão.

Hoje eu bendigo a vida.

Valorize a sua vida, preencha-a com o amor.



                  Paulo Roberto Gaefke 




terça-feira, 10 de janeiro de 2012

A MÁGOA



"À semelhança de ácido que corrói a superfície na qual se encontra, a mágoa desgasta, pouco a pouco, as peças delicadas das engrenagens orgânicas do homem, destrambelhando-lhe os equipamentos muito delicados da organização psíquica.


A mágoa é conselheira impiedosa e artesã de males cujos efeitos são imprevisíveis. Penetra no âmago do ser e envenena-o, impedindo-lhe o recebimento dos socorros do otimismo, da esperança e da boa vontade em relação aos fatores que o maceram.


Instalando-se, arma a sua vítima de impiedade e rancor, levando-a a atitudes desesperadas, desde que lhe satisfaça a programação vil. Exala amargura e desconforto, expulsando as pessoas que intentam contribuir para a mudança de estado, graças às altas cargas vibratórias negativas, que exteriorizam mau humor e azedume.


Quem acumula mágoas, coleciona lixo mental. Reage às tentativas de alojamento da mágoa nos teus sentimentos. Não estás, no mundo, por acaso. Antes, com finalidades adredemente estabelecidas que deves atender.


Acompanha a marcha do Sol e enriquece-te de luz, não mergulhando na sombra dos ressentimentos destrutivos. Sorri ante o infortúnio, agradecendo a oportunidade de superá-lo através dos valores éticos e educativos que já possuis, poupando-te à consumpção de que é portadora a mágoa."



Divaldo P. Franco,

Do livro “Episódios Diários”

pelo Esp. Joanna de Ângelis





Por que guardar a mágoa, quando podemos sorrir e, em sorrindo, deixar desabrochar a paz e o amor?
Deixar que a mágoa tome morada em nosso coração é deixar-se levar por sentimentos que nos fazem sofrer, carreando rancor, ódio e desamor. Vamos ver a vida como, na realidade ela é: esta oportunidade maravilhosa de viver em plenitude amando-nos uns aos outros, com pureza de alma e a certeza de que, assim agindo, estamos nos proporcionando a felicidade.

Muitas vezes estamos tão fechados à felicidade que, mesmo quando Deus coloca à nossa frente uma oportunidade de crescimento e evolução, não enxergamos.
E ali, naquele momento, está a mão de nosso Pai, indicando o melhor caminho a seguir. Portanto, devemos manter-nos abertos e receptivos aos "milagres" que nos acontecem.

Deus criou-nos perfeitos e à Sua imagem e semelhança. Nosso organismo trabalha ininterruptamente 24 horas por dia. Existe perfeição maior?
Nossa mente é um imenso laboratório, onde armazenam-se as maiores riquezas que um ser humano pode desfrutar, com toda a sorte de registros, cujo acesso pode ser feito a qualquer momento, independente de estarmos ou não acordados.
Uma prova disto são os sonhos. Através destes registros, acessamos dados que
nos possibilitam a emissão de reflexões acerca dos mesmos.

Assim, torna-se difícil, muitas vezes, abrirmos o arquivo "emoções" e dali retirarmos a ficha que nos mostra a quantas anda o binômio "coração x mágoa".
Difícil, porque mesmo tendo acesso a este arquivo, não gostamos de ver nele detalhados, tantos sentimentos detestáveis e maus, que atestam, inclusive, um baixo nível de auto-estima.

Quem guarda sentimentos desta espécie sofre, não raramente, de doenças ou males que perturbam nossa convivência saudável com bons hábitos e bons pensamentos.

A mágoa é uma fonte inesgotável de tristeza, auto-comiseração e raiva. É necessário, pois, livrarmo-nos destes problemas, posto que temos consciência de que algumas criaturas despertarão para o bem e para a luz pela força do amor e, outras, pelos aguilhões da dor. Dor, que não representa castigo, mas colheita de nossa própria semeadura no passado, que vem a burilar-nos o egoísmo e o orgulho, reeducando-nos para o progresso e a felicidade, destino de todos os homens.

Que assim seja!
  




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A LENDA DA CARIDADE




Diz interessante lenda do Plano Espiritual que, a princípio, no mundo se espalharam milhares de grupos humanos, nas extensas povoações da Terra.
O Senhor endereçava incessantes mensagens de paz e bondade às criaturas. Entretanto, a maioria se desgarrou no egoísmo e no orgulho.
A crueldade agravava-se, o ódio explodia...

Diligenciando solução ao problema, o Celeste Amigo chamou o Anjo Justiça que entrou em campo e, de imediato, inventou o sofrimento.
Os culpados passaram a resgatar os próprios delitos, a preço de enormes padecimentos.
O Senhor aprovou os métodos da Justiça que reconheceu indispensáveis ao equilíbrio da Lei.

No entanto, desejava encontrar um caminho menos espinhoso para a transformação dos espíritos sediados na Terra, já que a dor deixava comumente um rescaldo de angústia, a gerar novos e pesados conflitos.
O Divino Companheiro solicitou concurso ao Anjo Verdade, que estabeleceu para logo, os princípios da advertência.
Tribunas foram erguidas por toda parte, e os estudiosos do relacionamento humano começaram a pregar sobre os efeitos do mal e do bem, compelindo os ouvintes à aceitação da realidade.

Ainda assim, conquanto a excelência das lições propagadas, repontavam dúvidas em torno dos ensinamentos da virtude, suscitando atrasos altamente prejudiciais aos mecanismos da elevação espiritual.
O Senhor apoiou a execução dos planos ideados pelo Anjo da Verdade, observando que as multidões terrestres não deveriam viver ignorando o próprio destino.

No entanto, a compadecer-se dos homens que necessitavam reforma íntima sem saberem disso, solicitou cooperação do Anjo do Amor, à busca de algum recurso que facilitasse a jornada dos seus tutelados para os Cimos da Vida.
O novo emissário criou a Caridade e iniciou-se profunda transubstanciação de valores.
Nem todas as criaturas lhe admitiam o convite e permaneciam na retaguarda, matriculados nas tarefas da Justiça e da Verdade, das quais hauriam a mudança benemérita em mais longo prazo. Mas todas aquelas criaturas que lhe atenderam as petições, passaram a ver e auxiliar doentes, obsediados, paralíticos e mutilados, cegos e infelizes, os largados na rua e os sem ninguém.

O contato recíproco gerou precioso câmbio espiritual.
Os que conduziam alimento e agasalho, carinho e remédio para os companheiros infortunados, recebiam deles, em troca, os dons da paciência e da compreensão, da tolerância e da humildade e, sem maiores obstáculos, descobriram a estrada para a convivência com o Céu.
O Senhor louvou a Caridade, nela reconhecendo o mais importante processo de orientação e sublimação, a benefício de quantos usufruem a escola da Terra.

Desde então funcionam no mundo, o sofrimento, podando as arestas dos companheiros revoltados; a doutrinação, informando aos espíritos indecisos quanto às melhores sendas de ascensão às Bênçãos Divinas; e a caridade, iluminando a quantos consagram o amor pelos semelhantes, redimindo sentimentos e elevando almas, porque acima de todas as forças que renovam os rumos da criatura nos caminhos humanos, a caridade é a mais vigorosa perante Deus, porque é a única que atravessa as barreiras da inteligência e alcança os domínios do corpo.
   

                    Espírito Meimei
              Psicografia de Chico Xavier






terça-feira, 3 de janeiro de 2012

VIDA



“Aprende a pensar em termos de eternidade para que o internato no corpo físico não te empane a visão da vida.

Uma existência na Terra constitui precioso, mas breve aprendizado, em que sob a ficha de certo reduto familiar, conquistas o privilégio de avançar para diante nas sendas evolutivas ou a permissão de 
recapitular as próprias experiências.

Não te esqueças, porém, de que a morte se incumbirá de interromper-te o usufruto das regalias humanas, na aferição dos valores ou dos prejuízos que hajas angariado em favor ou desfavor de ti próprio, a fim de que não percas a necessária renovação 
para o grande amanhã.

Assevera a ciência terrena que herdaste, em função da genética, os caracteres dos próprios antepassados, próximos ou longínquos, entretanto, no fundo, não recolhes dos outros a riqueza das qualidades nobres ou o fardo dos sofrimentos, mas sim de ti mesmo, das próprias obras semeadas, vividas e revividas, de vez que somos, quase sempre, na ribalta do mundo, os mesmo intérpretes do drama redentor, guardando conosco as bênçãos ou as dores que amealhamos dentro da luta, embora 
ostentando máscaras diferentes.

Hoje, pagamos dívidas de ontem, mas é possível que venhamos a solver amanhã, compromissos pesados que deixamos em distante pretérito, 
exigindo-nos atenção.

Recebe a aflição e a dificuldade, aliviando as aflições e as dificuldades alheias; pede auxílio, auxiliando; roga o socorro do Céu, socorrendo aos que te rodeiam na Terra, porque entre os panos do berço e os panos do túmulo, desfrutas simplesmente um dia curto no tempo ilimitado, dentro da vida imperecível, baseada na justiça perfeita e no 
amor sem fim."


 Francisco Cândido Xavier 
Da obra: Caridade. Ditado pelo Espírito Emmanuel




Somos seres que viajam há muito tempo no Universo, em busca da redenção perante aqueles a quem nos endividamos, comprometendo infindáveis encarnações para a quitação dos débitos pretéritos.

Nada é por acaso. Vivemos num constante e compulsório aprendizado no reduto familiar, principalmente por ser este, o que mais nos oferece a chance do exercício do amor, da paciência, da compreensão, da tolerância e do perdão. Assim, vem à tona a necessidade de renovar-se as experiências do passado, a fim de que possamos corrigir nossas culpas ou nossas falhas.

A morte nos tira do mundo carnal e nos revela o outro lado da moeda, ou seja, a verdadeira imortalidade da alma.
Mesmo herdando as qualidades ou sofrimentos da parentela de outras vidas, ainda assim, somos os que convivem com o resultado da semeadura e da colheita.  Isto mostra que
apenas depende de nós a derrota ou a vitória sobre o que a vida se nos apresenta. Somos os autores de nossa própria história.

Por mais que passem os tempos, seremos sempre os responsáveis pelos atos do passado, distante ou próximo, os quais poderemos quitar parceladamente, posto que Deus, em Sua infinita bondade e misericórdia nos dá essa oportunidade, quando voltamos em diversas reencarnações para nos encontrarmos novamente neste Planeta de provas e expiações.


Quiçá possamos, um dia, amar incondicionalmente nossos irmãos, perdoar e entender que hoje, a dor do outro poderá ser a nossa amanhã; que na infinitude do tempo, hoje estamos aqui, mas talvez, num futuro até próximo, estaremos em algum lugar distante a cumprir nossa caminhada na estrada da vida.


Sejamos bons e amáveis, caridosos e fraternos com os que nos rodeiam na existência atual, nunca esquecendo o que Jesus nos ensinou: " Amai-vos uns aos outros, como Eu vos amo".


Que assim seja!